Por Alice Ruiz S.
O haikai se faz com três linhas, ou versos, e não mais que 17 sílabas.
Seu tema é a natureza, e não nossos sentimentos e pensamentos.
Se faz com simplicidade, leveza, desapego, sutileza, objetividade, integração com o todo.
Sua melhor definição, na opinião de muitos, é uma fotografia em palavras.
Grava o instante. O fotógrafo não aparece na foto, mas sua sensibilidade sim.
O mesmo no haikai. É como se as coisas falassem por si mesmas.
Sem adjetivos, sem a impressão do poeta, exatamente como são.
Só o real, sem comparar a nada e, talvez por isso mesmo, tão incomparável.
Porque, descrevendo a coisa apenas como ela é, desperta a sensação da própria coisa.
A sensação, por exemplo, da estação em que ela acontece, nos fazendo lembrar de que tudo está sempre mudando, tem o seu próprio tempo, que é cíclico.
É essencial, isto é, capta a essência das coisas, e a essa característica se dá o nome de haimi, que significa “sabor de haikai”.
Não é difícil de entender, quando se volta à comparação com fotografia.
Qualquer um é capaz de perceber se uma foto é boa ou não, além dos aspectos técnicos.
Ela é boa se nos toca, se capta um instante especial, se provoca uma sensação.
* * * * *
Agora que você sabe mais sobre o assunto, gostaríamos que tentasse escrever seu próprio haikai. Deixe na caixa de comentários deste post um haikai de sua autoria até a meia-noite do dia 7 de março. Alice Ruiz S. e os editores Leandro Sarmatz e Sofia Mariutti escolherão os 5 melhores, e seus autores receberão uma camiseta e um exemplar de Toda poesia, de Leminski.
Divulgaremos os vencedores aqui no blog dia 13 de março. Boa sorte!
[As inscrições estão fechadas. Aguarde a divulgação do resultado dia 13 de março.]
Ao ver-te no inverno
O que acontece entre nós
Inverte a estação
O Sol destelha
A casa da lua
E apronta o dia.
Passou a data, mas mesmo assim compartilho meu haikai!
bebi muito whisky
fui pra cama com Quintana
acordei com leminski
toda tua poesia
pelo preço de uma pizza
paguei trinta e seis
tinha que ser,
pensei
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ouvindo as cigarras
era uma serra ou uma
tocava guitarra?
Sem névoa, vivo
Sambando na areia
Da ampulheta.
Das aves da criação
Me encanta este colibri.
Para e não me beija.
ela bebe – hic!
“depois de doses de vodka
nem sei quem sou ich”
Nuvem
Massa etérea
Cobre a lua e o homem